terça-feira, 14 de julho de 2020

CEDEAO RECONHECE GOVERNO





GUINÉ-BISSAU

CEDEAO RECONHECE GOVERNO


A CEDEAO reconheceu o Governo de Nuno Gomes Nabiam, legitimado pela Plenária da Assembleia Nacional Popular realizada no dia 29 do passado mês de Junho.
Nessa Plenária foi aprovado o programa do Governo por maioria, com cinquenta e cinco votos a favor e apenas um contra, num total de cento e dois deputados que compõem a totalidade da Assembleia.
A CEDEAO reconheceu, assim, aquilo que já era óbvio há muito tempo para o povo guineense e para a comunidade internacional. O PAIGC, vencedor das eleições legislativas de 2019, nunca teve uma verdadeira maioria na Assembleia Nacional Popular que lhe permitisse dirigir os destinos do País. Naquela altura o PAIGC criou um governo apoiado por pequenos partidos, alguns com apenas um deputado, e desprezou os dois partidos mais importantes MADEM-G15 e PRS.
Este erro crasso da direcção do PAIGC levou a uma divisão, nunca vista, do povo guineense  e que  se agravou no processo eleitoral para a Presidência da República.
Apesar dos muitos milhões investidos o PAIGC não conseguiu comprar a consciência da maioria dos guineenses e acabou por perder em toda a linha.
A debandada já começou e o PAIGC passou de um partido hegemónico para um partido mediano que tem de lutar pela sobrevivência.
Este resultado deve-se a uma estratégia profundamente errada de uma direcção que, em vez de pugnar por aglutinar um povo tendo como objectivo principal o desenvolvimento do País, optou por um sectarismo sem precedentes na tentativa de criar uma classe média/alta repleta de mordomias.
A mentira, a corrupção e o desprezo pelo nosso semelhante paga-se caro.


Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes

terça-feira, 30 de junho de 2020




ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO FOX 3431
(EREC 3431)
A VERDADEIRA HISTÓRIA

Parte II

A PARTIDA


Assim começa a verdadeira história, baseada em factos verídicos, de uma unidade de elite de cavalaria do Exército Português na então denominada Província da Guiné.
Para muitos era mais um dia quente de agosto na bonita e simpática cidade de Castelo Branco, porém, para mais de cem homens na flor da juventude, era o início de um dia que marcaria para sempre o resto das nossas vidas.
Lentamente, talvez com alguma nostalgia, começamos a arrumar os sacos e as malas nas viaturas que nos transportariam até à estação do caminho-de-ferro. Durante a manhã tínhamos-nos despedido da população da cidade durante o desfile organizado pelos altos comandos militares que, assim, justificavam perante o povo como os garbosos jovens partiam em defesa da Pátria e regressavam com os olhos fechados ou cheios de traumas.

Como eu e o Berto não gostávamos de desfiles desenfiamo-nos e fomos beber uma cervejinha a um café próximo. Entre duas goladas recordamos as noites de Castelo Branco, com as sopas à alentejana, que saboreávamos num restaurante próximo do cinema, dos sorrisos das simpáticas albicastrenses e do quarto que o Luciano Vieira, o Nélinho e o Baptista tinham alugado quando dormiam fora do quartel, que nós os dois aproveitávamos para descansar um pouco quando chegávamos do Porto até à hora de entrada na unidade. Meios tontos, da viagem nocturna, adormecíamos numa nesga dos colchões. O sol já entrava pela janela quando a senhoria, uma senhora de idade avançada, entrava no quarto para mudar as roupas das camas. “Oh se. Vieira deixe ver a travesseira”, como o se. Vieira não acordava chegava junto da cama levantava a cabeça do Vieira e retirava a travesseira, deixando de seguida cair a cabeça do se. Vieira. Mudada a fronha dava-se o circuito inverso com o Vieira sempre a dormir. Este ritual era extensivo aos outros dois inquilinos, Nelinho e Baptista, apenas diferia um pouco já que não tinham o sono tão pesado. Após recordarmos estes episódios, que marcaram a nossa passagem por Castelo Branco, regressamos ao desfile, mesmo a tempo de participarmos nos últimos metros.

À voz de comando entramos para as Berliet que imediatamente iniciaram a sua marcha. Reflecti sobre as cerca de dez semanas do chamado IAO, passadas no Cavalaria 8, que essencialmente tinham servido para criar o espírito de grupo entre os efectivos das diferentes unidades que compunham o Esquadrão e efectuar uma sessão de fogos reais, com diferentes armas, na localidade de Penamacor.         
Ultrapassada a porta de armas daquela unidade militar olhei para trás, fiquei com a certeza que não mais ali voltaria. Um sentimento negativo dizia-me que o futuro próximo não iria ser um mar de rosas, até porque na nossa preparação já registávamos duas baixas, um morto e um ferido grave, o José Graça e o Fernando Afonso, foram assim as primeiras vítimas resultantes de um acidente de viação durante uma das semanas de campo.

 Pelo meio ficava um período inicial em que o nosso comandante não aparecia para formar o Esquadrão tendo então o alferes Victor Campos, como o mais antigo, assumido as despesas do desvio. Passados alguns dias de incerteza, apesar do comandante do RC8 ter ameaçado que aplicaria uma pesada punição ao comandante do EREC 3431 quando este se apresentasse, eis que aparece um oficial vestido de farda branca que imediatamente fez saber que era o homem tão procurado. Manuel Eduardo Alves Botelho de seu nome, capitão de cavalaria do exército português, tinha terminado recentemente uma comissão na Índia, onde passou por um período de detenção quando o exército indiano tomou pela força as províncias de Goa, Damão e Diu. Esta a explicação para o nosso comandante surgir equipado de farda branca, a mesma que usava na India. Se somarmos a isto a sua vocação artística, que passou pela colaboração como personagem principal num spot publicitário das primeiras camisas de nylon que surgiram em Portugal, as chamadas camisas TV, tínhamos o comandante ideal para uma missão que iria ficar na história como uma das mais controversas levadas a cabo na então província da Guiné, como iremos ver mais à frente.

Quando chegamos à estação, um comboio especial aguardava-nos. O transbordo foi rápido e lá partimos rumo a Lisboa, mais propriamente para o cais da Rocha do Conde de Óbidos, onde nos esperava o navio Uige para nos transportar até à Guiné.
Ao fim de dez dias, mais propriamente a 4 de Setembro 1971, desembarcamos no cais do Pidjiguiti em Bissau, após uma viagem que demorou demasiado, a voz da caserna dizia que tínhamos andado aos esses para evitar os submarinos russos, coisas da nossa gente.

Pelo meio ficavam alguns episódios que começavam a definir a personalidade de cada um, como o caso do furriel enfermeiro, António Lisboa de seu nome, um rapaz extrovertido e sempre brincalhão que resolveu pegar com o seu brinquedo preferido o furriel rádio montador, Arnaldo Ribeiro, um jovem bastante anafado que estava sempre bem-disposto.
Estava então o Ribeiro no seu camarote quando o Lisboa apareceu e deparou com um par de botas do Arnaldo, o Lisboa tratava sempre os amigos pelo primeiro nome, acho que era só para ser diferente, ato contínuo pegou nas botas, dizendo que cheiravam mal, lançando-as fora pela vigia do camarote pensando que as mesmas iriam cair no deck inferior, já que o seu camarote, que era contiguo ao do Ribeiro, a vigia dava para esse deck e assim pregava um valente susto ao Ribeiro, já que este pensaria que as botas tinham ido parar ao mar. Só que o Lisboa não tinha reparado que o deck terminava precisamente no seu camarote pelo que tudo que fosse despejado pelas vigias dos camarotes seguintes ia directamente para o mar. Escuso-me a contar as reacções de cada um pois deixo, esse pequeno pormenor, ao cuidado da vossa fértil imaginação.
Outra nota digna de registo, a passagem do Uíge por um sem número de ilhas e ilhotas maravilhosas, de areia finíssima com diversas palmeiras inclinadas sobre um mar azul e límpido de águas quentes, que se nos depararam no último dia de viagem, o que levou muitos de nós à amurada do navio num ato de contemplação digno de um filme da Disney. Admirávamos, assim, pela primeira vez, o arquipélago dos Bijagós. Ouviam-se comentários diversos como ‘’……se pudesse trazia a minha miúda e passava aqui o resto da minha vida’’.

Após o desembarque fomos encaminhados para as viaturas que nos transportaram para o Depósito de Adidos em Brá onde nos mantivemos durante quatro dias.

(A seguir)

Parte III

A CHEGADA A BAFATÁ




GUINÉ-BISSAU

PROGRAMA DO GOVERNO APROVADO


Na Plenária da ANP, realizada ontem, foi aprovado o programa do governo, liderado por Nuno Gomes Nabiam, com cinquenta e cinco votos a favor e um contra.
Votaram a favoravelmente o programa do executivo:
27 deputados do MADEM;
21 deputados do PRS;
1 deputado da APU PDGB;
1 deputado do PND;
5 deputados do PAIGC;
Apenas foi registado um voto contra do deputado do PAIGC e Presidente da mesa da ANP.

Com este resultado o governo guineense deixa de ser catalogado de ilegítimo, por todos aqueles que não queriam reconhecer a existência de uma nova maioria no Parlamento guineense,  já que obteve mais de 50% do total de deputados que compõem o Plenário.

Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes


segunda-feira, 29 de junho de 2020




GUINÉ-BISSAU

 ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR


Teve início há instantes a sessão ordinária do Plenário da ANP, 
Presentes 57 deputados dos 102 que compõem a Plenária, ou seja mais 5 do que o quórum necessário para o início da sessão parlamentar.

Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes

GUINÉ-BISSAU

PAIGC TENTA BLOQUEAR ASSEMBLEIA NACIONAL 

POPULAR

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, exonerou na noite de ontem cinco ministros:

Sandji Fati – Ministro da Defesa e Combatentes da Liberdade da Pátria
Botche Candé  -Ministro do Interior
Victor Mandinga . Ministro da Economia, Plano e Integração Regional
Abel Gomes – Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural
Jorge Malú - Ministro dos Recursos e Energia

Todos os ministros agora exonerados foram eleitos nas legislativas realizadas em Março de 2019

Segundo o comunicado da Presidência da República os ministros em causa foram exonerados a seu pedido. 

O Presidente da República, General Umaro Sissoco Embaló,  exonerou na última noite 5 membros do governo,  que foram eleitos deputados nas eleições legislativas de 10 de Março de 2019. 
Estas exonerações resultam da determinação do PAIGC em boicotar o funcionamento do Parlamento, através da decisão da respectiva Comissão Permanente,  que obriga os deputados do PAIGC a não comparecerem, hoje na sessão da Assembleia Nacional Popular, dando  início a uma obstrução do funcionamento daquele órgão de soberania,  à imagem do que aquele Partido fez de 2016 a 2019.

Considerando que os deputados substitutos dos 5 membros do governo não chegaram a tomar posse, devido à paralisação do Parlamento, promovida pelo PAIGC, a ausência dos 5 deputados entretanto nomeados para o governo,  inviabilizaria a realização da sessão parlamentar, por falta de quórum. 

Consequentemente, o Presidente da República viu-se na necessidade de exonerar os 5 membros do governo,  a fim de que os mesmos permitam a constituição do quórum necessário à tomada de posse dos respectivos substitutos na Assembleia Nacional Popular. 
Não  se trata de uma  crise no seio do  governo, como algumas vozes têm noticiado,  mas sim do imperativo de desbloqueio da Instituição Parlamentar,  a bem da Democracia, da Estabilidade  e do FUTURO  da Guiné-Bissau.

Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes




domingo, 21 de junho de 2020



GUINÉ-BISSAU

SERÁ QUE O PAIGC PERDEU A CABEÇA?

GOVERNO GUINEENSE TOMA POSIÇÃO




Outra coisa não seria de esperar.

Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes

sábado, 20 de junho de 2020






GUINÉ-BISSAU

ENSAIOS DE VACINA COVID-19 ?


Muito se tem ultimamente falado, e escrito, sobre possíveis ensaios de vacinas contra o Covid-19 tendo como cobaia a população guineense.
Finalmente ficou tudo esclarecido, após a explicação dada pelo Ministro da Saúde, durante a realização da reunião do Conselho de Ministros do passado dia 18 do corrente mês de Junho. 
Pelo teor do comunicado é possível analisar que o detentor da pasta da saúde não foi o responsável pelo projecto e, também, não deu conhecimento ao Primeiro Ministro do que se estava a passar.
Qualquer estudo na área da vacinação da população guineense deveria ser sempre coordenada e validada pelo Ministério da Saúde, já que se trata de uma acção de saúde pública, para mais nas circunstâncias actuais em que a pandemia afecta o País.
Este deslize do ministro valeu-lhe uma retirada de poderes, já que a partir de agora caberá ao Conselho de Ministros a análise e decisão prévia sobre qualquer tipo de campanha de vacinação ou estudo na Guiné-Bissau.
Com esta atitude, o governo guineense passa a ter a possibilidade de acautelar eventuais riscos para a saúde dos guineenses e, simultaneamente, evitar a especulação por parte de pessoas mal intencionadas.


Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes