terça-feira, 2 de junho de 2020




GUINÉ-BISSAU


NEM SEMPRE FALAR É SINÓNIMO DE SABEDORIA



Analisando as diversas notícias, surgidas nos últimos dias do passado mês de Maio na comunicação social portuguesa sobre a Guiné-Bissau o leitor é, de imediato, surpreendido pelo elevado número de artigos publicados nos diferentes órgãos.
Comparando com os países africanos de expressão portuguesa vemos que nem Moçambique, que está a ser atacado sistematicamente por insurgentes ligados ao Daesh provocando dezenas de mortos entre a população indefesa, merece tanta atenção como a Guiné-Bissau, onde as mortes que lá surgem são motivadas pela pandemia que assola um país que merece mais apoio sanitário da Comunidade Internacional.

Uma das notícias que mais surpreende quem segue a par e passo a actualidade guineense é a de um grupo de deputados socialistas apelar ao diálogo sobre a situação na Guiné-Bissau.
Segundo a notícia difundida pela Lusa, os deputados socialistas, na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, apelaram ao diálogo interno e internacional para que seja retomada a normalidade democrática e institucional na Guiné-Bissau.
Esse diálogo teria como finalidade evitar acções persecutórias, tensões internas e conflitos de natureza étnica.
Começa aqui a dúvida sobre a imparcialidade deste grupo de deputados, senão vejamos:
Quem tem sido perseguido desde que o actual Presidente da República tomou posse? Elementos do governo anterior que recusam entregar os bens públicos colocados ao seu dispor enquanto em exercício. Mesmo assim, não há qualquer indício de violência sobre os mesmos, a prova está em que vários os anteriores governantes ainda não entregaram os veículos do estado e recusaram prestar contas dos ministérios que tutelaram.
Quem está a criar as tensões internas? Elementos afectos ao candidato derrotado, Domingos Simões Pereira, e ao seu partido, o PAIGC, que após a época do partido único jamais aceitou ser oposição.
Onde estão os conflitos de natureza étnica? Mais uma invenção do PAIGC, este tipo de conflitos apenas existiu quando o PAIGC foi poder, basta analisar a constituição dos governos por si liderados.
Já agora senhores deputados, digam quais foram os incidentes que violam a Constituição e os direitos políticos dos opositores do Presidente Umaro Sissoco Embaló, apontar generalidades sem as provar não é digo de deputados da República Portuguesa.
Não chega ler uns artigos de opinião encomendados e falar com Domingos Simões Pereira e os seus correlegionários para ter conhecimento do que verdadeiramente se passa na Guiné-Bissau.
Quanto aos timing exigido pela CEDEAO e não cumprido pelo PR guineense, o melhor será perguntar à organização ou mesmo ao P5. Talvez assim evitassem falar sobre situações que desconhecem.
Atitudes destas de políticos portugueses aproximam cada vez mais a Guiné-Bissau da francofonia e afastam o país da lusofonia.

Uma outra notícia, que não teve o destaque das anteriores, refere que as Forças Armadas Guineenses instam os civis a registarem as armas de guerra em sua posse. Tal medida deverá ser cumprida até 11 de Junho do corrente ano, sob pena de punição severa para quem não cumprir esta obrigatoriedade.
O comunicado das Forças Armadas lembra que, ministros em funções ou que tenham já terminado o seu mandato, magistrados, deputados no activo ou aposentados, combatentes da Liberdade da Pátria e a população em geral, devem cumprir esta directiva.
Aqui está uma excelente medida que irá, no futuro, auxiliar a esclarecer diversos casos obscuros de assassinatos, ou tentativas falhadas dos mesmos, perpetrados no seio da sociedade guineense.
Por que será que "O Público" não publicou esta notícia?
A resposta não é difícil.
Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes



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