CPLP
Afinal onde estás e para que serves?
Os dois últimos meses têm sido muito complicados para todos nós, direi mesmo que, para alguns, têm sido dolorosos ou mesmo catastróficos.
Enquanto a Europa vai tentando ultrapassar a pandemia alicerçada num Serviço Nacional de Saúde que, com mais ou menos meios, vai conseguindo minorar os estragos, provocados por um inimigo invisível, graças aos profissionais de saúde que com competência e coragem vão acabar por sair vencedores.
Essa mesma Europa debruça-se, agora, sobre como ultrapassar o tremendo problema económico que a todos aflige, principalmente os países mais pobres. Este é um desafio crucial para a União Europeia que vai ser posta à prova para demonstrar a sua coesão e sentido de interajuda, caso contrário será o seu fim. É certo que já foi criado um fundo de empréstimo para acorrer a situações mais dramáticas, mas é muito pouco para acudir a milhares de famílias que não têm dinheiro para comer e estão a ser auxiliadas por uma rede de emergência alimentar. Não menos grave é a situação de milhares de empresas que foram obrigadas a encerrar portas e, quando a pandemia passar, podem não ter meios para voltar a laborar . Sem os apoios necessários estas empresas poderão criar uma nova catástrofe, ao encerrar e provocar uma onda de milhões de desempregados.
Só uma vontade forte dos países mais ricos poderá evitar a desagregação da União Europeia, tal como hoje a conhecemos.
Não podia porém esquecer os países africanos de expressão portuguesa que, neste momento, também vivem uma situação não menos grave do que a Europa.
Embora com uma taxa de letalidade inferior à europeia, talvez pela natureza do seu clima, na verdade a sua situação não é melhor, já que lutam no seu dia a dia com adversidades, que vão desde à falta de infraestruturas na área da saúde aos constrangimentos financeiros para enfrentarem a pandemia e as suas consequências.
Ora se os países europeus podem recorrer à União Europeia, onde presentemente se trava uma acesa discussão que permita criar os auxílios necessários, a quem recorrem os países de expressão portuguesa?
Como é do conhecimento geral existe uma organização que dá pelo nome de Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CPLP.
Como é do conhecimento geral existe uma organização que dá pelo nome de Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CPLP.
É sabido que a maioria dos países que compõem a organização enfrenta praticamente os mesmos problemas. Falta de meios técnicos e económicos para combater a pandemia, mas ainda há algum espaço de manobra na Comunidade. A Guiné Equatorial e Timor demonstraram, nos últimos tempos, ter meios financeiros para socorrer países amigos em dificuldade. Nada melhor do que investirem nos membros da CPLP que estão em dificuldade e, assim também, reafirmarem uma presença positiva na organização.
Quanto ao apoio técnico, competirá a Portugal, muito elogiado pelo mundo fora pela estratégia e meios empregues no combate ao covid-19, auxiliar os países que necessitarem e solicitarem o apoio que estiver ao seu alcance.
Ora, se de facto há contactos entre diversos países, desconhece-se qual a actividade e a estratégia da Organização para auxiliar os seus membros com dificuldades.
Será que as quotas pagas pelos estados membros estão apenas destinadas a pagar os salários principescos, as viagens em executiva e as ajudas de custo em hotéis de cinco estrelas?
É sabido que a Comunidade, nos últimos anos, não tem primado pelo espírito de iniciativa e pela dinâmica, tão necessária a uma organização desta índole, o que motivou o seu ostracismo por parte de alguns membros. Porém estamos a atravessar uma nova época em que a solidariedade, o espírito de entreajuda e a inovação estão na ordem do dia, pelo que será altura ideal para a CPLP ressurgir das cinzas e mostrar o que vale, caso contrário será mesmo para perguntar: CPLP afinal onde estás e para que serves?
Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes
Quanto ao apoio técnico, competirá a Portugal, muito elogiado pelo mundo fora pela estratégia e meios empregues no combate ao covid-19, auxiliar os países que necessitarem e solicitarem o apoio que estiver ao seu alcance.
Ora, se de facto há contactos entre diversos países, desconhece-se qual a actividade e a estratégia da Organização para auxiliar os seus membros com dificuldades.
Será que as quotas pagas pelos estados membros estão apenas destinadas a pagar os salários principescos, as viagens em executiva e as ajudas de custo em hotéis de cinco estrelas?
É sabido que a Comunidade, nos últimos anos, não tem primado pelo espírito de iniciativa e pela dinâmica, tão necessária a uma organização desta índole, o que motivou o seu ostracismo por parte de alguns membros. Porém estamos a atravessar uma nova época em que a solidariedade, o espírito de entreajuda e a inovação estão na ordem do dia, pelo que será altura ideal para a CPLP ressurgir das cinzas e mostrar o que vale, caso contrário será mesmo para perguntar: CPLP afinal onde estás e para que serves?
Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário