GUINÉ-BISSAU
Qualquer coisinha serve para especular
A brincadeira de determinada comunicação social portuguesa com a Guiné-Bissau continua.
Agora é a vez do "Expresso" que sob um título "Grupo armado rapta deputado na Guiné-Bissau"
conta a "estorinha" de um hipotético rapto levado a cabo perto de Bissau.
Segundo o jornalista guineense que redigiu a notícia "Um deputado da Guiné-Bissau terá sido raptado esta sexta-feira perto da capital do país, noticia a Rádio Capital FM, de Bissau".
Aqui temos uma notícia extraordinária, produzida com base numa mensagem de uma rádio local em que, a mesma rádio, entrevista um familiar da pertença vítima.
Para contar o incidente o Expresso ocupou cinco ou seis linhas do seu precioso jornal, dependendo do formato usado pelo leitor. Para extrapolar o caso para o âmbito político e especulativo, onde associa um eventual rapto a um golpe do partido do deputado, APU/PDGB, para evitar que que aquele votasse favoravelmente no PAIGC para formar o novo governo, o que está a ser discutido no Parlamento guineense, o jornal dispensa uma área considerável onde conta todo o processo de apoios e desapoios ao Presidente da República e, até a forma como este tomou posse, volta à ribalta.
Não foram ouvidas as autoridades locais para saber se a família ou amigos apresentaram queixa deste eventual acontecimento e muito menos se existe qualquer investigação.
Não estou a colocar em causa se o deputado foi ou não raptado. Não estou em Bissau e desconheço o que se passou, apenas critico o formato da notícia, a sua objectividade e o suporte muito pouco credível da mesma sem o mínimo de investigação jornalística.
Não estou a colocar em causa se o deputado foi ou não raptado. Não estou em Bissau e desconheço o que se passou, apenas critico o formato da notícia, a sua objectividade e o suporte muito pouco credível da mesma sem o mínimo de investigação jornalística.
Mais uma notícia, que tem como suporte uma série de suposições e de especulações, com o objectivo de criar instabilidade, numa fase em que deveria reinar a calma e o bom senso para permitir que o Parlamento decida o que for melhor para o País.
Não há duvida que o Expresso prestou, com esta notícia, um péssimo serviço à comunicação social portuguesa que nos países africanos de língua portuguesa vai somando o descrédito, enquanto que deve ter prestado um bom serviço lá para os lados de Sacavém.
Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes
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