segunda-feira, 9 de março de 2020

GUINÉ-BISSAU


O REGRESSO DA SOBERANIA 

Já anteriormente tinha abordado a visita de uma delegação da CEDEAO a Bissau, composta por peritos na área constitucional que tentariam auxiliar na resolução do problema criado pelo Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau. Até aqui tudo bem, uma iniciativa de louvar da organização que tentava criar as condições de estabilidade e de verdade de um dos seus membros.
Porém, aquilo que parecia uma excelente decisão rapidamente transformou-se num desastre político, diplomático e estratégico. Porquê?
  1. O actual governo guineense apenas tomou conhecimento da visita da missão através da comunicação social.
  2. O representante da CEDEAO em Bissau, Blaise Diplo-Djomand, convidou Aristides Gomes na qualidade de Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau.
  3. O referido representante da organização ignorou completamente o actual executivo guineense na realização deste evento.
Perante tamanha falta de respeito o governo guineense deu uma resposta cabal à CEDEAO ao dirigir uma missiva ao Presidente da Comissão da CEDEAO, Jean Claude Kassiu Brou, informando-o do sucedido e lembrando que a Guiné-Bissau é um País soberano, membro de pleno direito da organização, pelo que considerando que, não existindo uma concertação prévia com o actual governo guineense, liderado por Nuno Gomes Nabiam, esta missão não é bem-vinda.
O executivo guineense também alerta que, tratando-se de matérias de contencioso eleitoral, as futuras missões não devem integrar técnicos da Costa do Marfim, tendo em atenção a posição dúbia daquele País em relação à situação actual da Guiné-Bissau.
Na mesma missiva o governo guineense aproveita para lembrar que, a ECOMIB termina o seu mandato no final do corrente mês de Março pelo que toma as disposições necessárias para o seu acantonamento, ficando as forças de defesa e segurança da Guiné-Bissau responsáveis pelas tarefas que lhe estavam até agora atribuídas.
Com estas decisões o actual governo guineense marcou uma posição que denota uma ruptura com o passado, ao pretender deixar bem claro, junto das instâncias internacionais, que devem considerar a Guiné-Bissau como um País independente e Soberano, embora sem recusar que faz parte integrante da organização sub-regional.
Agora, será a vez de solicitar a substituição do representante Blaise para, assim, também terminar os negócios pouco claros que tem levado a cabo na Guiné-Bissau, devidamente aprovados pelo anterior governo.
É do conhecimento geral que o novo governo guineense está permanentemente a ser analisado à lupa para ver como vai dirigir os destinos do País e, será elogiado ou criticado conforme o trabalho e decisões tomadas. 
Neste caso específico é possível dizer que passou com distinção a primeira prova de fogo a que foi sujeito, embora seja notório o apoio dado pelo Presidente da República, conseguindo para já, após quase oito anos, a afirmação da soberania e da independência da Guiné-Bissau.
Coisas da Terra Coisas da Gente
Fernando Gomes

  

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